Segunda, 05 de Maio de 2025
Hoje, dia 1º de maio, é uma data para lembrarmos as conquistas trabalhistas, mas o que isso significa para as trabalhadoras? Quando falamos em números, sabemos que mais mulheres hoje estão empregadas: 44,8 milhões em 2024 em comparação a 38,8 milhões em 2015. O número de mulheres negras em cargos de trabalho também cresceu - em 2023 eram 3.254.272 e passaram para 3.848.760 em 2024. Soa otimista, olhando por esse lado. Contudo, também precisamos reconhecer que, mesmo com a melhora nos índices de emprego, ainda somos minoria estatística: cerca de 60% das mulheres brasileiras ocupam cargos de trabalho, em comparação a aproximadamente 80% dos homens.
Não só isso, como as mulheres continuam a realizar o grosso do trabalho não remunerado, como os afazeres de casa e cuidados de crianças e idosos. Em 2022, dedicamos a esse tipo de trabalho, normalmente invisível aos olhos dos outros, quase o dobro de tempo que os homens (21,3 horas contra 11,7 horas). O cenário não melhora quando olhamos para o financeiro: mulheres continuam a receber salários inferiores aos homens. A média é de 20,9% menor, e mulheres negras recebem até 50% a menos que os homens.
Esses números apenas ilustram o que é realidade nos lares brasileiros: mães chefes de família, com jornadas duplas (ou até triplas) de trabalho, exaustivas. Quantas de nós não vivemos isso ou conhecemos mulheres assim? Que trabalham para sustentar a casa e ainda arrumam tempo para cuidar dos outros? Mulheres também que tiveram que abdicar da educação, do trabalho formal, porque precisaram trabalhar desde cedo. Ou mulheres que se sentem forçadas a escolher entre a carreira e a família.
Nesse dia 1º de maio, é importante lembrarmos que sem políticas públicas fortes para diminuir a desigualdade de gênero no país, fiscalização contundente e incentivos, os direitos das mulheres continuarão em marcha lenta, com jornadas cansativas, mal remuneradas e invisibilizadas. Por isso, devemos nos manter alerta, sempre, e buscar ativamente por ações capazes de nos garantir o direito de trabalhar em igualdade e de viver nossas vidas sem renúncias.
FONTES:
BRASIL. Ministério do Trabalho e Emprego. 3º Relatório de Transparência Salarial: Mulheres recebem 20,9% a menos do que os homens. [S. l.], abr. 2025. Disponível em: https://www.gov.br/trabalho-e-emprego/pt-br/noticias-e-conteudo/2025/abril/3o-relatorio-de-transparencia-salarial-mulheres-recebem-20-9-a-menos-do-que-os-homens. Acesso em: 1 maio 2025.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Coordenação de População e Indicadores Sociais. Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil. Rio de Janeiro, 2024. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2102066. Acesso em: 1 maio 2025.